A dor de cotovelo é um termo comumente utilizado, num sentido que, por vezes, desvaloriza os sintomas de quem efetivamente tem queixas dolorosas nesta região. De facto, existem diversas patologias que podem atingir as estruturas aqui existentes e que estão frequentemente associadas com certas atividades laborais, desportivas ou de lazer de cada indivíduo.
Existem alguns grupos profissionais que podem estar mais sujeitos a problemas no cotovelo, como as epicondilites ou tendinites. Em trabalhos com movimentos repetitivos manuais, como operadores de máquinas industriais, limpeza ou mesmo que requeiram o uso do rato e teclado, os tendões comuns dos músculos extensores e flexores são constantemente requisitados para realizar estes movimentos. Desta forma, os movimentos repetitivos podem levar à sua degeneração e desgaste. A dor surge de uma forma progressiva ou, menos comumente, após um trauma, mais localizada à região interna ou externa do cotovelo.
Em trabalhadores cuja atividade necessite de esforços com cargas mais pesadas, as roturas tendinosas (do bicípite braquial, por exemplo) ou lesões traumáticas como fraturas ou fraturas-luxação do cotovelo podem ocorrer, com dor intensa e limitação funcional imediata.
Certos desportos são classicamente associados à patologia do cotovelo, do qual o ténis é o exemplo clássico pelo quadro de epicondilite lateral – o cotovelo do tenista. No entanto, outros desportos têm uma incidência aumentada de certas patologias responsáveis por dor e limitação da performance.
Em praticantes mais jovens de desportos de arremesso (sendo o basebol o desporto mais frequentemente descrito), a dor na região interna do cotovelo causada pela força de tração exercida pelo tendão comum dos flexores descreve-se como “Little League’s Elbow”. Nesta região existe uma placa de crescimento que é constantemente puxada pelos músculos fortes que ali se inserem e causam inflamação ou ou mesmo a separação da placa do osso restante.
Nesta faixa etária – adolescentes praticantes de desportos de arremesso – é também comum uma condição chamada Osteocondrite Dissecante do côndilo umeral. Carateriza-se pela lesão da cartilagem que se pode destacar da restante superfície articular e causar dor e derrame que agravam com o esforço e melhoram com o repouso.
Em desportos de contacto, como o rugby ou o futebol americano, ou com risco de trauma de alta energia, como motociclismo ou BTT, as fraturas e luxações em redor do cotovelo são lesões frequentes e que requerem avaliação e tratamento urgentes.
Quando consideramos as patologias do cotovelo que ocorrem ao longo do tempo, pela sobrecarga ou microtraumatismos repetitivos, o tratamento conservador deve ser tentado inicialmente. Este tratamento consiste na adaptação das funções laborais ou do gesto desportivo, reabilitação e eventualmente o uso de ortóteses para o cotovelo. Quando as queixas persistem, terapêuticas regenerativas como o plasma rico em plaquetas podem ser consideradas, sobretudo nos quadros de epicondilite onde parece haver um importante efeito de cicatrização e melhoria da dor. O tratamento cirúrgico está reservado para os casos mais graves ou que não respondem aos tratamentos prévios. As técnicas mini-invasivas ou mesmo a artroscopia são opções disponíveis, dependendo das estruturas afetadas.
As lesões traumáticas, como as fraturas ou luxações, ou as roturas tendinosas agudas (do bicípite braquial, mais frequentemente), requerem um tratamento urgente. Frequentenente, a cirurgia é necessária para alinhar os fragmentos ou reinserir as estruturas lesadas. Possibilita também a mobilização mais rápida para evitar a rigidez que se desenvolve com frequência.
A consulta com um especialista nesta área permite uma avaliação cuidada e delinear planos de tratamento adequados à ocupação e exigência funcional de cada um, numa abordagem personalizada a cada caso.